Você já se imaginou numa bolha?
Alguma vez você já se imaginou dentro de uma bolha? Como se estivesse desconectado do mundo ou vivendo a vida de uma outra pessoa…? Assistindo a vida acontecer… As pessoas sendo o que são e fazendo o que fazem… tão conectadas e tão diferentes de você.
Pense numa bolha! Uma enorme bolha de vidro. Eu estou dentro dela! Observando tudo acontecer em câmera lenta e pensando como é que eu vim parar aqui, o que é que está acontecendo e por que eu não estou lá fora, vivendo.
Eu não sinto meus pés tocarem o chão. A sensação é sempre a de que vou cair, a qualquer momento, inevitavelmente. E eu já antecipo o medo de me machucar. Eu já penso no quanto vai ser vergonhoso e em como eu irei respirar, levantar, bater as mãos nos joelhos, limpando a poeira e dizendo que não foi nada. Você cria processos quando está acostumado a cair. Ou a sentir como se caísse.
Não ouço as pessoas. Ou talvez até ouça, mas não entendo ao certo o que elas dizem. São vozes lentas e vindas de longe. Parece que falam comigo. Ou de mim. Mas eu não estou aqui. Será que eles podem me ver?
É uma bolha de vidro… e eu estou presa aqui! Rodeada por um vidro grosso de tudo aquilo que eu nunca superei. Não, eu não superei mesmo! Eu sou sentimental demais pra simplesmente superar e deixar passar. Quem é que consegue fazer isso? Quem é que consegue simplesmente deixar as coisas pra trás? Tantas coisas… Tanta vida bagunçada, confusa e problemática… Tantas péssimas decisões passionais e auspiciosas. Tanta audácia em ser positiva, em acreditar, em se entregar… Tanta entrega… Tanta falta sobrando diariamente num ciclo vicioso e exaustivo.
É uma visão distorcida. Vista como no fundo de uma garrafa. Fica tão difícil explicar o que você vê e você só consegue sentir. E tentar explicar o que você sente é ainda mais difícil. Mas se você parar pra pensar, não é necessário se explicar! Eles estão do outro lado da bolha. Eles mal conseguem te ouvir.
Então você absorve o silêncio e deixa que as vozes fiquem ainda mais distantes. Você desiste de tentar enxergar coisas nítidas e exatas demais. Você se deixa flutuar… sem rumo, sem plano de vôo, sem pensar sobre aquele segundo de existência. Você se deixa levar…
E vez ou outra você apenas deseja que alguém teste a física da sua bolha de vidro. Que tenta a estourar!
“I remember it now it takes me back to when it all first started
But I’ve only got myself to blame for it and I accept that now
It’s time to let it go, go out and start again
But it’s not that easyBut I’ve got high hopes
And in my dreams I meet the ghosts of all the people who’ve come and gone”
(Kodaline – High Hopes)
*Foto: Melvin Sokolsky – Bubble on the seine
caseicomummachista
•8 anos ago
Este texto traduziu alguns sentimentos internos meus deste momento. Obrigada
Ostra
•8 anos ago
Olá! 🙂
Fico feliz em saber que há pessoas que se identificam com o que eu sinto, penso e escrevo! Que apesar de serem sentimentos complicados estes nossos, vemos que não somos os únicos, não estamos sozinhos.
Eu é que agradeço imensamente o feedback. Volte sempre! :*