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Sexo, a cidade, e os seriados que nos fazem pensar sobre a vida

Sexo, a cidade, e os seriados que nos fazem pensar sobre a vida

 

Terminei de ver Sex and the City hoje. É, mil anos depois do sucesso da série e no ano em que faço 30. Talvez esse seja o momento exato em que a série faria sentido: sozinha, em uma cidade maior do que aquela em que fui acostumada, na loucura cotidiana de trabalhar intensamente, beber com as amigas solteiras, e perceber como é cada dia mais difícil encontrar o amor.

Eu acho que todas nós já tivemos o nosso Mr. Big. E, internamente, é provável que cada uma de nós tenha torcido pra que ele um dia caísse na real, corresse atrás do tempo perdido e nos buscasse em nossa bagunça. De preferência, antes que o nosso Mr. Big nos perdesse de vez.

É engraçado que a série era pra ser um conforto, um atestado de que é possível e autorizado uma mulher não encontrar o amor e viver feliz sozinha. Quatro mulheres solteiras em Nova Iorque, na casa dos 30, e não necessariamente pensando em se casar, ter filhos ou seguir “o curso natural das coisas”.

Ironicamente a série termina com quatro mulheres felizes e realizadas em seus relacionamentos.

 

Será que isso quer dizer que não é possível estar só e feliz? Será que parte da vida é sempre buscar um alguém que possa dar sentido a coisa toda? Esse seria o final feliz?

 

Confesso que fiquei um pouco decepcionada. Mas confesso também que, talvez, não seja a série, mas a vida. O fato de que, de fato, está cada dia mais difícil encontrar alguém que dê sentido a alguma coisa.

A ideia de uma vida sozinha hoje é nítida e real. E eu não sei se ela me assusta mais ou menos do que a ideia de ser abduzida pelo tal “curso natural das coisas” e me tornar uma mulher adulta, em um relacionamento, constituindo uma família e, possivelmente, infeliz. A vida é uma coisa meio amedrontadora.

Houve um momento em que eu achei que o meu Mr. Big estava caindo na real. Eu dei uma leve surtada. Será que ele seria, de fato, um homem que estaria ao meu lado e me faria me sentir amada? Ou ele seria mais parecido com os longos anos de confusão e destruição emocional?

Se eu pudesse eleger o meu favorito, nunca foi o Big. Acho que seria o Harry. O despretensioso e ordinário marido de Charlotte York (que fez de tudo para tê-la e fazê-la feliz, mesmo quando pensou que ela jamais iria gostar de um cara como ele).

Talvez, na maior parte do tempo, eu esteja ok com a solidão. Me adaptando perfeitamente aos domingos solitários e confortáveis em meu próprio espaço e silêncio. Talvez eu ainda espere que o meu Harry me encontre, ao invés de um Mr.Big que não sabe o que quer.

 

Acho que é esse o ponto: saber o que quer. O que você quer?

 

Eu ainda quero encontrar alguém por quem vale a pena desligar o filme e viver a vida real. Mas se isso nunca acontecer, tudo bem também. Perto dos 30 a gente aprende que um grande filme é sempre melhor do que um amor pequeno.

 

“I don’t wanna be your lover
I don’t wanna be your fool
Pick me up whenever you want it
Throw me down when you are through

Cause I’ve learned more from what’s missing
It’s about me and not about you
I know I made some bad decisions
But my last one was you”

 

Ps: Carrie não é exemplo pra ninguém.

Ps2: Sex and the city tinha tudo pra ser um GRL POWER foda, mas foi totalmente girl unpower. (Tudo bem, levemos em consideração a época)

Ps3: Seja um casal. Não seja um casal. Mas seja você e seja feliz.

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